segunda-feira, 8 de outubro de 2007
A pedra roubada
Muita gente que passa em frente ao prédio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco não percebe uma série de tesouros que estão enterrados bem na calçada em frente a entrada do prédio centenário.
Um desses tesouros é a pedra fundamental do que seria o edifício da Faculdade de Direito na Cidade Universitária. Era desejo do então reitor da USP Miguel Reale que os cursos de direito se mudassem para o mesmo local onde as outras faculdades da universidade estavam sendo instaladas.
Mantendo a tradição de rebeldia e independência, os estudantes do centro acadêmico XI de agosto posicionam-se contra à transferência, defendendo as tradições do território Livre e apoiando, prioritariamente, a construção de prédios adequados para as faculdades de Ciências Humanas (História, Geografia, Comunicações etc.), então provisoriamente instaladas nos chamados Barracões.
Foi então realizado um plebiscito entre os estudantes e o resultado foi revelador: 95% dos estudantes votam contra o ''transplante '' como ficou conhecido na época a tentativa de mudança da Faculdade.
Mesmo assim, a pedra fundamental foi lançada no final de outubro de 1973, em ato na Cidade Universitária. De madrugada, os estudantes furtaram a pedra e a levaram para o Largo de São Francisco, onde foi enterrada. Simbolicamente, foi feita uma lápide de granito com os dizeres: ''Quantas pedras forem colocadas, tantas arrancaremos - 30/X/1973''. Sete dias depois foi realizada uma missa simbólica.
Diante disso, a reitoria desiste de transferir os cursos de direito da USP para Cidade Universitária.
Fonte: Livro: ''A heróica Pancada, centro acadêmico XI de agosto: 100 anos de lutas'' (disponível nas bibliotecas municipais da cidade de São Paulo)
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