quarta-feira, 2 de abril de 2008

Tratado de Tordesilhas ou de laranjas?



Geralmente quando começamos a aprender matemática, os professores usam alguns exemplos para mostrar como se fazem contas. E geralmente usam laranjas. E foi mais ou menos assim que, em 1494, Espanha e Portugal resolveram um problema que insistia em martelar suas cabeças: dividir aquilo que eles possuíam, no caso, o mundo inteiro!!! Isso mesmo, você não leu errado. No século XV, esses dois países dominavam o planeta, graças ao seu poder nas navegações. Toda a tecnologia no uso das caravelas e navios, o conhecimento do mar e as técnicas para realizar o comércio dos bens que a Europa precisava pertencia a espanhóis e portugueses.

Já deu pra imaginar que dois países tão poderosos não conseguiam entrar em acordo sobre o que lhes pertencia. E aqui temos dois personagens: o rei dom João II de Portugal e a rainha Isabel da Espanha. Depois de muita negociação, os dois monarcas decidiram resolver a questão de maneira aparentemente simples: como se a terra fosse uma laranja, decidiram parti-la em duas fatias.

A rainha Isabel propôs que a divisão fosse feita por uma linha imaginária vertical que passava bem próximo do Brasil (que ainda não pertencia a ninguém). Dessa forma, todo continente que formaria a América e que havia sido descoberto por Cristóvão Colombo em 1492 ficaria nas mãos da Espanha. Desconfiado, dom João bateu o pé, reclamou e propôs um outro ´´corte´´ no mapa mundi: uma linha horizontal, que dividiria o planeta mais ou menos assim: tudo o que fosse descoberto ao norte da ilha de Cabo Verde seria da Espanha, pra baixo pertenceria a Portugal.

Foi a vez da rainha espanhola bater as tamancas. Afinal de contas, Portugal ficaria com o caminho livre para a nova rota para chegar as Índias, o que aumentaria o seu poder e sua riqueza. Fora isso, graças ao descobrimento de Colombo, os portugueses também teriam direito às novas terras, já que a América foi descoberta em terras que, pela proposta, pertenceriam a Lisboa. Estava criado o impasse.

Foram todos reclamar com o papa Alexandre VI. Na frente a Espanha, através do rei Fernando de Aragão (marido da rainha Isabel), que se lembrou de cobrar alguns favores que o líder do Vaticano, que era espanhol, lhe devia. O papa traçou outra linha horizontal que favorecia os espanhóis. A coisa ficou feia. D. João ficou revoltado, jurou que aquela situação não ficaria daquela forma e deixou claro que iria se unir com a França e declarar guerra a Espanha.

Depois de muita discussão e ameaças de conflito, Portugal conseguiu o que queria. ´´Arrastou´´ a linha mais para dentro do continente, quase dividindo o Brasil ao meio, com a desculpa que não era possível contornar a África em direção a Índia sem um espaço maior para manobras. A Espanha acabou aceitando e assinando o tratado, mas não sem levar uma gorda compensação financeira.

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