terça-feira, 24 de agosto de 2010

CPTM: sem valor comercial




São 7:35 da manha do dia 24 de agosto de 2010. Estou na fila da bilheteria do metro Itaquera. Normalmente nesse horário já estou saindo da estacao Cidade Universitária da CPTM que fica próxima ao meu local de trabalho. Porque estou aqui ainda? Bem, a culpa e da CPTM.

Desde 2007 os trens do expresso leste (nome que a companhia deu para linha que sai de Guainases e vai ate a estacao da
Luz) esta sobrecarregada. Criada no final dos anos 90 com o objetivo de "modernizar" o transporte metropolitano de trens e "limpar" a imagem de ineficiência e do sucateamento do transporte ferroviário resultado de uma privatização desastrada a linha apresentava uma proposta de solução para o escoamento de pessoas que todos os dias precisavam ir pendurados em trens que circulavam com as portas abertas e, não raro, provocava mortes por atropelamentos.

O projeto desativava diversas estações na zona leste, alem de criar 3 novas estações. Mas, a grande novidade era o "trem espanhol". O novo trem era o mais moderno do pais. Em um pais tropical, chamou a atenção um meio de transporte de massa com ar condicionado, espaço amplo e bancos estofados. E, a cereja do bolo, com uma redução no tempo de viagem por volta de 50%.

Era um sonho. A promessa era que não haveria mais mortes, trens circulando com as portas abertas, ou pessoas "surfando" nos vagões. Nem atrasos ou superlotacoes. Era um sonho... Mesmo.

Dez anos depois o pesadelo: a linha que prometia velocidade e conforto só não tem uma das características dos antigos trens da CBTU: as mortes por atropelamentos. Todo o resto voltou (permaneceu). A linha "expresso leste" esta inviabilizada. Totalmente sobrecarregada nos horários de pico, os equipamentos não suportam o fluxo e apresentam problemas diários: trens quebrados pelos mais diversos motivos, plataformas sobrecarregadas, problemas nos trilhos, falta de energia elétrica. Ate a morte ronda os trens novamente. Por conta da superlotacao, algumas pessoas desmaiam e saem de maca (quando deveriam sair andando em direção ao seu destino). Recentemente uma pessoa caiu nos trilhos na estacao tatuape. O motivo? Superlotacao nas plataformas.

Como eu disse no começo do post, desde 2007 a situação vem piorando. Não e preciso estudo ou pesquisa para entender um problema que e visível. A linha expresso leste voltou a ser o que era a sua antecessora: um meio de transporte totalmente inviabilizado pela demanda que foi claramente mal calculada.

Hoje se repetiu um problema que já faz parte da rotina de quem depende dessa linha da CPTM para chegar ao seu destino: uma suposta falta de energia paralisou a circulação dos trens no auge do horário de pico. Quase uma centena de pessoas já se aglomerava nas plataformas da estacao D Bosco quando o aviso que a estacao seria fechada soou nos alto-falantes fazendo com que os passageiros saíssem da estacao perdendo o dinheiro pago na passagem. As pessoas começam a correr em direção aos pontos de ônibus próximos do local tentando embarcar em vans lotadas que tem como destino a estacao Itaquera do metro que também já esta sobrecarregada.

O que mais se houve nesse momento são pessoas comentando nervosamente que seus chefes não acreditam mais na "desculpa do trem". Um rapaz diz que na empresa dele o RH só não desconta o atraso se o problema sair em algum site de jornal. Obviamente os chefes e/ou gerentes de departamento não utilizam essa linha e, ao invés de apoiar o funcionário a cobrar do poder publico um trânsitoporte com o mínimo de qualidade, prefere pressiona-lo. "Minha chefe já falou pra eu comprar um carro" comenta uma mulher rindo nervosamente. Certamente na empresa dela a "desculpa do carro" ainda vale.

Hoje eu precisava estar as 9h na USP em curso de extensão cuja certificação exige o comparecimento em 85%. São 8:59 e acabo de chegar na estacao Barra Funda do metro. Em um dos dias do curso nao poderei comparecer devido a compromissos profissionais. Ou seja, graças a CPTM perdi o certificado e, o mais importante: o conteúdo do curso.

Qual a solução para o "expresso leste"? Difícil imaginar uma. De concreto por enquanto apenas as estratégias de quem depende desse meio de transporte: sair de casa com pelo menos 2 horas de antecedência para conseguir chegar ao se destino. Se bem que nem isso funcionou hoje.

Em tempo: cheguei ao meu trabalho as 9h52 da manhã.

2 comentários:

Renata Reis disse...

Difícil né?
Quando não é o trem (que até é rápido se tudo correr bem) é o metro, o ônibbus... Levo todo dia mais de 2h para um percurso que seria de 1:20h.

Dárcio Vieira disse...

Se nós morássemos em Santos, Jundiaí, Sorocaba ou SJC, Campinas ou região, não gastaríamos o tempo que levamos da ZL à ZS ou USP.