terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Compra-se gente

No último dia 20 de novembro, lembramos o dia da Consciência Negra em razão da morte de Zumbi dos Palmares, um líder dos escravos na luta pela libertação de seu povo. E escravos, no tempo do império, eram tratados como objetos, como odemos ver na comparação entre um caderno de classificados de um jornal de nossos dias e uma seção de venda de objetos de um importante jornal em 1844:

Classificados de um grande jornal de São Paulo em 2007

Compro materiais de informática

Computadores, servidores, impressoras, monitores, teclados e cabos. Falar com Marcos, telefone: xxx-xxxx

Família vende

Mesa de jantar 2,25 x 1,0 mts, 8 cadeiras em couro + arca colonial e mesa com tampa de mármore 2,50 x 1,10. Preço de ocasião. Telefone: xxxx-xxxx

Classificados do Jornal do Comércio em 1844 (mantida a grafia original):

VENDE-SE na rua do Hospício n° 234, dois lindos moleques de 18 anos, sendo um, perfeito cozinheiro.

Aluga-se uma ama de leite, na rua Direita, n° 221.

Achou absurdo? Pois veja o anuncio abaixo onde se vendia, sem a menor preocupação, uma família inteira de escravos:

VENDE-SE uma família que se retira, os escravos seguintes:
Uma bonita mocamba de 18 anos de idade, a qual sabe coser, engomar, lavar, vestir uma senhora e fazer todo o mais serviço de casa. Uma linda pretinha de 11 anos de idade que já sabe costurar. Um preto de bom boleeiro e dois pretos de roça, sendo um deles serrador. Rua do Rosário 444.

Era comum também fazer um bota fora de ''coisas'' incluindo gente no meio do pacote. Vejamos o anúncio seguinte:

VENDE-SE na Rua do Fogo, casa 30, um preto moço, sendo bom sapateiro, boleeiro e cozinheiro, bem como uma cadeirinha, uma prensa de fazer geléia, uma secretária de mogno e outros trastes, tudo em bom uso. Quem pois precisar de qualquer desses objetos, pode dirigir à referida casa.

Podemos concluir que escravo não era gente e sim ´´pau pra toda obra´´.

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