sábado, 7 de novembro de 2009

Parque do Carmo

O Parque do Carmo tem 1,5 milhão de metros quadrados. Fica no bairro de Itaquera, Zona Leste de São Paulo. E, apesar de não ser tão badalado quanto o Ibirapuera ou o Vila Lobos é, sem dúvida um dos lugares mais bonitos da cidade.

Além disso, esse parque é um lugar de memória. Na sua topografia e no seu desenho estão as marcas da história da cidade. Um dos erros mais comum quando se fala da história de São Paulo é pensar apenas no centro histórico, ignorando completamente outras áreas da cidade. Escolas e faculdades dos bairros não enxergam a possibilidade de um aprendizado mais rico tornando os alunos verdadeiros historiadores-arqueólogos que investiguem a história da cidade de do país a partir do "quintal" de sua casa.

Algumas fotos que fiz no último feriado estão aqui.



Reproduzo aqui o texto que está no site Preservação Ambiental:

Histórico do Parque do Carmo

Todo o município de São Paulo já foi coberto por algum tipo de vegetação, e a vegetação mais significativa, e que cobria a maior parte de nossa cidade, era a floresta de Mata Atlântica, mata esta, que recebe influência do Oceano Atlântico, daí vem seu nome.

Os primeiros ocupantes desta região foram três tribos indígenas, Itaquerús que originou o nome do bairro de Itaquera, Guaianás que originou o nome do bairro de guaianases e Caaguaçús, Com o decorrer do tempo vieram para esta região uma Ordem católica chamada de Ordem Terceira do Carmo Fluminense, que todos conheciam como Ordem dos Carmelitas. Eles tinham o intuito de catequizar os índios que aqui habitavam, e mostrar alguns de seus costumes, este choque cultural não aceito pelos índios teve o resultado de fuga destes para terras mais distantes.

Então, a Ordem Carmelita usufruiu bastante destas terras transformando-a em "Fazenda Caaguaçu" (para os índios este nome significava Mata Grande) no ano de 1722. (Caaguaçu era uma das tribos que habitaram esta região e mais recente o antigo nome da avenida principal do Carmo que hoje se chama Av. Afonso Sampaio e Souza).
A exploração agrícola e a criação de gado foram as principais atividades desenvolvidas na fazenda. Grande parte da área foi devastada para o plantio. A substituição da mata original pelos produtos agrícolas, modificou o ecossistema da região, destruindo o habitat dos animais.

Em 1919 a fazenda foi vendida para a Companhia Pastoril e Agrícola, de propriedade do Coronel Bento Pires, que deu continuidade a criação de gado e principalmente o plantio de café, que tinha sua produção facilmente escoada pelo aproveitamento da ferrovia que passava perto de sua fazenda, e que foi trazida até estas terras pelo engenheiro Artur AlvÍm.

Na década de 20, Bento Pires começa o que seria o primeiro processo de loteamento das terras da fazenda. Parte destas terras hoje é a Vila Carmosina e a Cidade Líder, e o que restou destas terras passou a se_chamar "Fazenda do Carmo". Nesta mesma época inicia-se a colonização japonesa, incentivada pelo coronel Bento Pires. Seu interesse era a formação de pequenas propriedades produtivas e que tivessem mão de obra especializada para fomentar o desenvolvimento agrícola da localidade.

Já na década de 40, houve no Brasil a revolução industrial, o que fez o café perder o valor, assim sendo, o Coronel Bento Pires resolveu vender parte de suas terras para um engenheiro de construção civil da CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras), o Sr. Oscar Americano de Caldas Filho; este por sua vez loteou e vendeu parte desta propriedade. Na época existiu até um slogan que dizia "Venham morar no Morumbi da Zona Leste", pois os lotes eram grandes, justamente no intuito de atrair pessoas da classe média e alta e assim, valorizar mais ainda o restante de suas terras. Essas terras loteadas fazem parte atualmente do Jardim Nossa Senhora do Carmo, que em alguns pontos é conhecido como Morumbizinho.

Oscar Americano também plantou algumas espécies de eucaliptos e pinheiro (pinnus) para fazer experiências no uso destas madeiras para confecção de dormentes, mas que as pesquisas mostraram que não eram propícias para este fim. Ele transformou o restante das terras em área de lazer particular para passar os finais de semana com a família, e começou a fazer algumas mudanças nestas terras.

Reformou e aumentou o tamanho do Casarão (hoje o CEA CARMO), onde ficou sendo a sede da fazenda e sua casa principal, ao lado direito da casa existe até hoje uma igueira, que na época tinha a valor de dar status para o ocupante daquela construção, e para mostrar que ali vivia o dono da fazenda; construi também uma casa ao lado da principal, que era usada pelos empregados da fazenda; fez a casa das crianças e babás (hoje sede da GCM), fez também a piscina da fazenda (hoje local de recepção de escolas e instituições para trabalhos no CEA CARMO), e construi a casa dos hóspedes (hoje sede da Administração do Parque) e um prédio redondo, que era um espaço de lazer e jogos,_e aproveitando a geografia da fazenda, represou o córrego principal e fez uma barragem, onde construiu um lago artificial que ele usava para práticas de esportes náuticos nos finais de semana. Hoje este lago é uma das principais atração do parque, com diversas espécies de peixes, cisnes, marrecos, gansos, aves migratórias e uma imensa diversidade de vida.

Oscar Americano faleceu em 1974 e anos depois; sem muito interesses por esta fazenda, seus herdeiros resolveram vendê-la. Uma parte ficou com a Prefeitura e outra (a maior) ficou com a COHAB.

A Prefeitura fez algumas benfeitorias nesta fazenda, aproveitando muitos equipamentos da época da fazenda, e construiu banheiros, playground, churrasqueiras, e áreas de descanso. O Parque do Carmo ,foi inaugurado em 19 de setembro de 1976, e conta hoje com uma área de pouco mais de 1,5 milhão de metros quadrados, tornandose o terceiro maior parque municipal da cidade de São Paulo'

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